quinta-feira, 19 de abril de 2018

É Como boas novas funcionam...

Hoje eu tive um daqueles dias... sabe quando termina o dia e vc pensa "wow, que sensacional"?

Pra ser sincera, pensando agora, meu dia como um todo, em sua maior parte não teve nada de sensacional. Pelo contrário, na aula de hoje a tarde não aguentei e até dormi (tbm pq na noite anterior dormi 3h arrumando os documentos pra intercâmbio...). Ah, uma coisa de bom foi que escrevi uma boa carta de motivação, fiquei inspirada!

Enfim. Mas foi pq eu peguei um motorista de ônibus chamado Semaías... Que me inspirou muito, e eu quero contar o que conversamos e como tudo aconteceu

Começa que eu saí da 1a reunião da Med Jr., que foi num salão de festas do prédio de uma das diretoras. Então eu saí de lá, e fui andando pra Cardeal, pra pegar o ônibus... Já começa por aí, não foi um lugar usual que eu costumo esperar o bus. Depois, meu, eu saí de lá era quase 22h. Eu nunca saio esse horário das coisas da faculdade. Depois que, ele me contou que ele é motorista reserva, que trabalha quando um falta, ou tira folga, e ele cobre essa pessoa.

Então, todas as circunstâncias anormais pra que eu pegasse aquele bus.

Subi no ônibus, e ele começou: "Nossa, se todos os passageiros estendessem a mão e pedissem pra parar o ônibus como vc, facilitaria muito"
E ele começou a desabafar comigo que às vezes o passageiro de ônibus estende a mão, pedindo pra parar, e logo abaixa. Só que nesse meio tempo, ele podia estar olhando os espelhos laterais, pq ele tem que ficar checando toda hora, já que o ônibus é muito grande pra faixinha pequena, e acaba invadindo a pista da esquerda dos carros ou pode bater o espelho nos postes. Daí ele fica com receio de passar o ponto, e a pessoa ter estendido a mão, e ele não viu, deixando a pessoa pra trás e frustrada/irritada.
Daí eu comentei que não tinha problema, pq ele está fazendo o melhor que ele pode, e isso já é ótimo. Que todo trabalho tem os ossos do ofício, mas que faz parte, e que já era bom que ele leva o trabalho dele tão a sério que ele se importa com isso. Ele pareceu concordar e ter se consolado, mas continuou reclamando hehe.
Chegou num momento em que eu vi que uma pessoa estendeu a mão, mas não era pra pegar o bus, e comentei com ele "Ah.... agora eu entendi o que vc ta falando" e ele falou que nem tinha visto q a pessoa estendeu a mão. Daí ele falou que ele tenta ficar observando os passageiros que estão pedindo pra parar o ônibus, pq ele já teve uma vez que foi assaltado, e me contou como foi. Então ele tenta analisar o perfil da pessoa, antes que suba. Daí ele me perguntou se eu já fui assaltada. E eu comentei que quase já fui sim. E no meu relato, contei que orei a Deus, no desespero. E que a pessoa assaltante foi embora mesmo. Daí ele me perguntou que igreja eu ia. Eu pensei que ele ficou interessado porque acreditou que meu Deus é real, me ouviu, e que ele me livrou mesmo do assalto. Comecei falando sobre a minha igreja local, e como existem várias denominações e que a minha é sem nenhuma. daí ele me perguntou como era a parte de oferta e dízimos da minha igreja. E eu falei que fica uma caixinha no fundo da igreja, que não passa sacolinha, que a gente acredita que tem que dar com alegria, que dá pra vc ofertar direcionado a um propósito específico e tal. Até aí eu pensei que ele estava me testando nessa parte de ofertas, pq a igreja evangélica é muito mal vista nessa área. E que ele queria ver como era na minha igreja pra poder saber se era "safe" de frequentar. Daí ele começou a falar como funciona a oferta na igreja dele.
Ele me contou que se um irmão tem dinheiro, ele oferta com dinheiro. Mas se ele não tem, dá pra servir na igreja... Se vc fez um curso de pedreiro, por exemplo, ele disse, dá pra vc ajudar nas obras da igreja, daí vc pega um dia de folga e vem ajudar. Pq ele não acredita que as pessoas deveriam receber pelo que fazem pela igreja, mas que a gente deve servir ela com o que a gente tem. Daí ele deu exemplo de uma obra que ele participou, e quem tava servindo de pedreiro junto com ele era um juiz. e que todo mundo lá é igual, não tem essa de um ser superior a outro. E eu comentei que é isso mesmo que Jesus ensina ao lavar os pés dos discípulos, que devemos servir uns aos outros, e isso que é igreja. Ele me contou que tem um irmão que gosta de servir passando com a garrafinha de água para servir para os irmãos durante o culto. E que ele só faz isso. Tem outro irmão que passa pela igreja, e quando vê que tem um outro irmão com cabelo meio comprido, ele pergunta se quer que corte o cabelo dele, porque ele é cabeleiro, e é o que ele sabe fazer. Outra vez, aconteceu dele receber uma feira na porta dele. Eu perguntei se era uma cesta básica, ele disse que não, alguém fez uma feira pra ele, e que era grande, bastante comida, numa época em que ele estava desempregado. me contou que às vezes vem um irmão com um carrão, mas que entra na igreja, e começa a varrer o chão. E à medida que eu fui ouvindo aqueles relatos, eu entendi, que ele não tava querendo me dar uma lição de moral. Mas ele tava, com um coração muito puro, me mostrando que servir é muito simples. E que só basta a gente ter um coração sedento em querer servir a Deus, que arrumamos um jeito. Vejo que nas igrejas, as áreas de servir são muito engessadas "louvor" "cozinha" "pregar" e tal. Mas é muito mais que isso, é com o que vc tem! E basta querer muito. Servir.

Ele me contou que veio a São Paulo há 15 anos atrás, e que no começo, não tinha emprego, tinha a filha mais velha (hoje tem 3), e vivia muito de favor dos familiares e irmãos da igreja. Mas que um dia, ele ficou mal pela situação, e orou a Deus pra que ele lhe desse um emprego. E ele me contou que começou dirigindo um carro, depois um caminhão, e agora ta dirigindo um ônibus. Quando eu ouvi isso, eu percebi um coração simples. Sabe quando as pessoas falam que se especializam? A gente ouve mais isso de médicos, enfermeiros, residências, engenheiros, MBA e afins. Mas ele quis dizer que ele se especializou para fazer o que ele faz. E é isso! Valorizar o que Deus te deu, dar valor a isso e ser simples. Feliz. Grato. Ele disse que hoje ele tem uma casa própria, carro próprio, e 3 filhas. Que demorou pra pagar o terreno, mas foi. (acendeu minha esperança em ser enfermeira e ter tudo isso). Perguntei se a esposa trabalhava, ele disse que a esposa fica tomando conta de uma padariazinha que eles abriram, mas que é pequena, e ele fica de motorista. Eu amei o coração simples dele. E quero muito isso pra mim, que Deus possa desenvolver um coração parecido com o do Dele.

No final, agradeci muito pela conversa, que me inspirou muito, cumprimentei ele com um aperto de mão, e pedi pra tirar uma foto.
A propósito, ele é da congregação.

Quando cheguei em casa, estava on fire de animação, haha. E ao entrar no meu quarto e deixar as minhas coisas no chão, vi que tinha um cobertor novo, na embalagem. Era o cobertor rosa escuro que eu comentei e mostrei pra minha mãe que achava aquele tom de rosa lindo e que queria aquele cobertor (no fim de semana passado, num mercado na praia). E ela nem deu muita bola na hora, sabe, hahaha. E daí quando eu vi o cobertor, aquele cobertor na minha cama, embalado, eu fiquei extra feliz! Foi a cereja do meu bolo! Fui correndo, toda feliz pro quarto dos meus pais... E agradeci demais, abri o cobertor, e contei sobre a minha conversa com o Semaías, mostrei minha carta de motivação linda... :) hehe, enfim.
Good day :) Thank you, God